Amor, determinação, foco e muita luta. O caminho de uma equipe campeã mundial!
Independente de onde você veio ou como chegou lá, ser campeão mundial é um feito absurdo. Quantas pessoas podem dizer que são ou foram os melhores do mundo no que fazem? Pouquíssimas! E fazer parte desse grupo seleto é quase que o objetivo incontestável de qualquer competidor de alto nível.
Para os brasileiros da LG/SK o caminho foi mais árduo que o normal, o que torna a honraria um pouco mais especial. Para eles serem campeões mundiais dentro do servidor, tiveram, antes de tudo, quer ser campeões na vida.
Por que tão especial?
Para falarmos sobre o título, temos que ir um pouco atrás no tempo. O Brasil já havia sido uma das maiores forças do Counter-Strike no mundo, entretanto, não vencia um título de nível mundial desde a vitória da MIBR na ESWC 2006. Foram quase 10 anos de seca entre 2 de julho de 2006 até 3 de abril de 2016, e durante esse período o cenário, tanto brasileiro quanto mundial de Counter-Strike, tinha implodido. Torneios, patrocinadores, e visibilidade eram cada vez mais difíceis de se obter, o que resultava em cada vez menos recursos para jogadores e organizações que, aos poucos, estavam desistindo do jogo.
Entretanto, com a chegada do CSGO o cenário mundial voltou a crescer, mas por aqui as coisas demoraram a acontecer, o que deixou outras regiões se desenvolverem muito mais rápido que o Brasil. Após a participação de brasileiros em alguns torneios internacionais — incluindo um Major — , tornou-se visível a necessidade de morar no exterior para poder jogar constantemente com algumas das melhores equipes do mundo e, consequentemente, poder vencê-las.
A formação de um time campeão
Com grande desempenho dos brasileiros nos torneios internacionais que haviam disputado, a equipe da Keyd Stars apostou na ida da equipe tupiniquim para solo norte americano. Não demorou muito para que outras organizações se interessassem pelos brasileiros e, em pouco tempo, o quinteto mudou de casa. Com a mudança para a Luminosity Gaming e a chegada de Marcelo “coldzera” David, os brasileiros conseguiram bons resultados, chegando a duas quartas de finais de Majors e acumulando boas colocações em outros torneios, mas ainda faltava algo para serem campeões.
Então foi tomada a decisão de fazer mudanças na equipe. Foram realizadas as trocas de “boltz” e “steel” por “TACO” e “fnx“. Com essas mudanças, o time ficou composto por: Gabriel “Fallen” Toledo, Fernando “Fer” Alvarenga, Marcelo “coldzera” David, Epitácio “TACO” de Melo e Lincoln “fnx” Lau.
Tão deixando a gente sonhar…
Acumulando 3 vice-campeonatos de grande nível, a equipe da Luminosity foi para o Major da MLG Columbus 2016 sem ainda ter conseguido vencer um título sequer, apesar das boas atuações. E embora fosse considerada uma equipe para se ficar de olho, não era uma das favoritas para o torneio.
No grupo A, a Luminosity venceu sem dificuldades os seus adversários, passando de fase. Nas quartas-de-final, enfrentando a Virtus.Pro, a Luminosity soube sofrer, saiu atrás no placar — o único mapa perdido em todo torneio — mas com atuações de destaque de “fnx” e “coldzera”, os brasileiros conseguiram virar a série e vencer por 2 mapas a 1.
Na semifinal, a história foi feita. Enfrentando a Team Liquid e mais uma vez — como aconteceu constantemente durante todo o torneio — atrás no placar, perdendo por 15-9, “coldzera” protagonizou uma das maiores jogadas de todos os tempos do Counter-Strike, o que rendeu não somente o round para a LG como também a virada na prorrogação. E foi aqui, mais do que nunca, que o sonho do campeonato mundial se tornou realidade! Após isso, a Luminosity venceu o segundo mapa em outra prorrogação e foi para a grande final.
Na grande final, eles enfrentaram o seu principal rival, a Na’Vi. Com inúmeras derrotas acumuladas contra a equipe russa, no primeiro mapa começaram tomando um 11-4. Em outro momento, poderia parecer que o torneio já estava decidido. Mas não agora.
Era cristalino como água a confiança, o poder de reação e a vontade da equipe brasileira. Eles cometeram o crime! Em mais uma prorrogação – o que já parecia a especialidade deles — venceram o primeiro mapa por 19-17. No segundo mapa simplesmente entraram para a partida com um triplex montado na cabeça da equipe russa, que estava mentalmente abalada. E os brasileiros só fizeram aproveitar, 16-2, levando o troféu e o título de campeões mundiais.
Conquistamos o mundo de novo!
Três meses haviam se passado desde o Major anterior e muita coisa tinha mudado. De casa nova, os jogadores foram contratados pela organização da SK Gaming e passaram de “coadjuvantes de luxo” para favoritos na ESL One Cologne 2016. Mas apesar de tudo ser diferente, a essência de campeão da equipe era a mesma de sempre!
Na fase de grupos, a SK Gaming — antiga Luminosity — passou pelos seus adversários com facilidade. Classificando mais uma vez como líder do grupo, o adversário das quartas de final foi a FlipSid3. Com uma vitória de 2-0 em mapas, a equipe tupiniquim passou para a semifinal sem grande dificuldade, apesar do susto no segundo mapa da série.
Na semifinal, mais uma vez a Virtus.Pro, e, de novo, uma série super pegada. Após perder o primeiro mapa na prorrogação para os poloneses da VP, mais uma vez o coldzera apareceu para salvar o dia. Imparável, foi o grande diferencial da série para que a SK não somente vencesse os 2 mapas seguintes, mas vencesse com certa facilidade: 16-5 e 16-12.
Sabe aquela mística que tem em time grande? “Se deixar chegar…”, é exatamente o que aconteceu com a SK Gaming. Chegando na final, foi só lazer. Enfrentando o time da Liquid, que havia a poucos meses atrás perdido uma semifinal de Major para este mesmo quinteto, e que outra vez não foram páreos para os brasileiros.
Uma final em 2 mapas a 0, super controlado pela SK e mais uma vez com uma atuação de gala do Coldzera — Atuação, essa, que somada a algumas outras renderia o título de melhor jogador do mundo para o brasileiro. Bicampeões mundiais, com dois títulos consecutivos, naquele momento, nós brasileiros, tínhamos incontestavelmente o melhor Counter-Strike do mundo.
Verdadeiros campeões
Graças a estes jogadores, o Counter-strike é a paixão de milhares de pessoas Brasil afora. Graças a eles sabemos que é possível sim, no esporte eletrônico, chegar no topo mesmo com todas as dificuldades e nos tornar verdadeiros campeões.
Quero ressaltar que o que aqui neste artigo me refiro como “campeão”, não é somente um título dirigido a alguém específico ou a uma instituição. É, antes de tudo, um estado de espírito, um desejo, uma busca constante pelo triunfo e pela realização de um objetivo. Este quinteto não só representou toda uma nação como mostrou ao mundo que somos um país de campeões.